sábado, 12 de julho de 2014

O azeite da viúva - II Reis: 4.1 a 7



A vida é dura! Nada acontece sem muita luta, perseverança, dores e de certa forma, até que é bom que seja assim, afinal, o que vem fácil, vai fácil e são as lutas que nos fortalecem, são as lutas que nos amadurecem e quando chega  a tempo da fartura, estamos prontos a valorizar cada centavo.
Trabalhar é fundamental, todos sabem disso, nada cai do céu, a não ser chuva, o resto é fruto de nossas batalhas diárias e sempre foi assim. Para algumas pessoas é complicado viver e mais complicado ainda morrer e eu nem estou falando do lado espiritual, falo em termos práticos, materiais. O rico quando morre deixa todo mundo consolado, amparado, tranquilo, já o pobre quando morre deixa a saudade, as dívidas e o caos instalado em casa.

Em nossos dias as viúvas ainda ficam com uma  pensão da Previdência Social que  é pouca, mas é melhor que nada, porém naquela época na sociedade judaica e outras, as viúvas e órfãos ficavam completamente  sem nada mesmo, em desamparo absoluto.
                                                                                                                                                              Havia uma mulher em Israel que era viúva de um dos filhos dos profetas e ela procurou Eliseu e disse: “Meu marido, teu servo, morreu; e tu sabes que o teu servo temia ao SENHOR; e veio o credor, para levar os meus dois filhos para serem servos.” (2 Reis 4:1). Já imaginou? É bem como se diz: “além da queda, o coice”. A mulher ficou viúva, desamparada, sem nenhuma renda e ainda estava correndo o risco de perder seus dois filhos para o credor de seu marido.

Eliseu ficou compadecido da viúva,  então perguntou: “Que te hei de fazer? Dize-me que é o que tens em casa.”(2 Reis 4:2). A viúva disse que só tinha uma botija de azeite e Eliseu disse: “Vai, pede emprestadas, de todos os teus vizinhos, vasilhas vazias, não poucas. Então entra, e fecha a porta sobre ti, e sobre teus filhos, e deita o azeite em todas aquelas vasilhas, e põe à parte a que estiver cheia.” (2 Reis 4:3-4).


Eliseu mandou ela pedir emprestadas vasilhas e derramasse o azeite nelas, e aquela mulher fez exatamente o que o profeta mandou.
A viúva fechou a porta da casa e seus filhos vinham trazendo para ela uma vasilha, ela enchia de azeite e eles traziam outra. Nesse ritmo todas as vasilhas ficaram cheias de azeite e quando se encheu a última o azeite parou, então ela voltou a Eliseu, contou como tudo aconteceu e ele lhe disse: “Vai, vende o azeite, e paga a tua dívida; e tu e teus filhos vivei do resto.” (2 Reis 4:7).


I.A DINÂMICA DO MILAGRE

1. Um pouco de azeite. Diante do clamor da viúva, o profeta Eliseu perguntou-lhe: “Que te hei de eu fazer? Declara-me que é o que tens em casa. E ela disse: tua serva não tem nada em casa, senão uma botija de azeite”(2Rs 4:2). Eliseu havia compreendido o que Deus podia fazer usando um simples vaso com azeite, a princípio insignificante, e então disse à mulher e a seus filhos para pedir emprestado aos vizinhos a maior quantidade de frascos vazios que pudessem (cf. 2Rs 4:3-5). O azeite era uma mercadoria muito apreciada em Israel, servindo como alimento, medicamento, cosmético, combustível e para fins religiosos. Aquela mulher demonstrou o seu calor por meio da fé e por meio de um especial empenho para vender rapidamente o produto e saldar suas dívidas.

Muitas vezes, nos sentimos como aquela viúva quando percebemos que o que nos resta parece algo absolutamente insignificante, de modo que nem cogitamos que aquilo possa ser usado por Deus a nosso favor. Contudo, essa história nos mostra que Deus tem poder para transformar em muito aquilo que nos parece pouco.

2. Uma fé obediente. A viúva e seus filhos olharam para todos os vasos cheios do azeite que viera de sua pequena botija. Eliseu disse para ela vender o azeite e pagar a dívida deixada por seu marido. Com o dinheiro que sobrasse, ela e seus filhos poderiam viver por muito tempo. Aquilo foi realmente um milagre! Deus trouxe àquela família Sua provisão de maneira extraordinária. A partir de um único vaso de azeite que a viúva possuía, Deus foi capaz de multiplicar a quantidade de óleo de modo a atender a necessidade urgente da família.

A fé que aquela mulher tinha no Senhor tornou possível que ela saísse daquela situação crítica; permitiu que ela apresentasse seu problema a Deus e confiasse nele para orientá-la no sentido de encontrar a solução. Deus também deseja que você creia e busque em Sua Palavra, e no conselho de seu pastor, a orientação sobre o que esperar dele e sobre como agir com sabedoria nos momentos de escassez.

Um detalhe importante no texto é a ordem de Eliseu para a mulher: “fecha a porta” (2Rs 4:4). O que se percebe aqui é que o homem de Deus, Eliseu, não buscou notoriedade no milagre. Ele tinha plena certeza que Deus era quem estava operando aquele grande milagre. Então a glória pertencia a Deus e não ao profeta. Segundo o pr. José Gonçalves, é possível que uma das causas da escassez de milagres hoje esteja na publicidade desenfreada. Deus quer privacidade, mas os homens gostam de notoriedade. Gostam de aparecer e vangloriar-se (Lc 12:15). Deixam a porta aberta para serem vistos!

3. Deus age com o que você tem. Quando o profeta Eliseu perguntou à viúva sobre o que ela tinha em casa, a resposta da mulher vem em um tom desanimador: “Tua serva não tem nada em casa, senão uma botija de azeite”. Ora, se para Deus o nada já é muita coisa, quanto mais uma botija de azeite. A provisão milagrosa lhe veio mediante o que ela já tinha: um vaso de azeite. A provisão foi dada na medida da fé que a mulher tinha e da sua capacidade de armazenamento. Deus usou o que ela possuía para multiplicar-lhe os recursos e realizar o milagre de que ela precisava. Para Deus operar um milagre a quantidade não faz nenhuma diferença. Vejamos:
Moisés – tinha uma vara: “… e os filhos de Israel passaram pelo meio do mar em seco…” (Êx 14:16,21, 22).
Sansão – tinha uma queixada de um jumento: “… e feriu com ela mil homens.” (Jz 15:15).
Davi – tinha uma funda e cinco pedras: “E assim… prevaleceu contra o gigante filisteu…” (1Sm 17:40,50).
A viúva de Sarepta – tinha farinha na panela e azeite na botija: “… e assim comeu ela… e a sua casa muitos dias” (1Rs 17:12,14,15).
Elias – tinha uma capa: “… e passaram ambos (Elias e Eliseu) o rio Jordão em seco.” (2Rs 2:8).
Os discípulos – tinham cinco pães e dois peixinhos: “… e deram de comer a quase cinco mil pessoas.” (Mc 6:37-44).
O apóstolo Pedro – tinha unção e poder e disse ao paralítico: “Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta e anda.” (At 3:6).
A mulher do profeta – tinha apenas uma botija de azeite. E foi a partir desta botija de azeite que Deus operou o milagre: “E sucedeu que, todos os vasos foram cheios…” (2Rs 4:2,6,7).

O milagre, portanto, depende do que se têm. O que é que você tem em casa? Diante da pergunta, você poderia responder: “Não tenho nada”. Não seja tão pessimista para enxergar o quão é suficiente para Deus para fazer um grande milagre através daquilo que você considera não ser nada. Um martelo é suficiente para transformar você num homem de grandes negócios. Deus irá operar o milagre em sua vida a partir do que você tem. Se nada oferecemos a Deus, Ele nada terá para usar. Mas Ele pode usar o pouco que temos e transformá-lo em muito. “Sem fé é impossível agradar a Deus”.

Nós podemos nem ter tudo, e, contudo, podemos ter conosco alguma coisa que Deus é capaz de abençoar abundantemente – “Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera” (Ef 3:20).

Não perca a esperança! “O pouco pode ser transformado em muito se for colocado nas mãos do Senhor e por Ele abençoado” (Mc 6:30-44). Creia!



II. OS INSTRUMENTOS DO MILAGRE: OBEDIÊNCIA, FÉ E AÇÃO


“Então, disse ele: Vai pede para ti vasos emprestados a todos os teus vizinhos, vasos vazios, não poucos. Então, entra, e fecha a porta sobre ti e sobre teus filhos, e deita o azeite em todos aqueles vasos, e põe à parte o que estiver cheio. Partiu, pois, dele e fechou a porta sobre si e sobre seus filhos; e eles lhe traziam os vasos, e ela os enchia” (2Rs 4:3-5). A mulher obedeceu à orientação do servo de Deus, usando o que ela tinha em suas mãos, e o milagre da multiplicação do azeite aconteceu. A orientação do profeta Eliseu foi simples e objetiva:

1. “…pede para ti vasos emprestados a todos os teus vizinhos, vasos vazios, não poucos”. Às vezes temos que fazer algo que esteja ao nosso alcance para receber o que Deus nos quer dar.

2. “…fecha a porta sobre ti e sobre teus filhos…”. A mulher devia fechar a porta, ficar a sós com seus filhos e trabalhar. Nem sempre as bênçãos de Deus acontecem no meio de muita gente. Neste sentido, Jesus orientou assim: “Mas quando você orar, vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, que está em secreto. Então seu Pai, que vê em secreto, o recompensará” (Mt 6:6).

3. “…fechou a porta sobre si e sobre seus filhos; e eles lhe traziam os vasos, e ela os enchia”. A mulher foi ajudada por seus filhos. A participação de nossos filhos na obra de Deus é a resposta às orações e à orientação dos pais. Isso é uma bênção!

4. A viúva recebeu além do seu pedido - “…E sucedeu que, cheios que foram os vasos, disse a seu filho: Traze-me ainda um vaso. Porém ele lhe disse: Não há mais vaso nenhum. Então, o azeite parou “(2Rs 4:6). A viúva recebeu do Senhor mais do que pedira. Seu pedido fora apenas que seus filhos ficassem livres de viver na escravidão. Mas em sua pobreza, ela ainda tinha muitas outras necessidades. Deus Se dispôs a suprir essas necessidades. Ele constantemente dá aos seres humanos bênçãos muito maiores do que eles pedem para si mesmos.

5. “ vivei do resto”(2Rs 4:7). O milagre da multiplicação do azeite, além de resolver o problema da dívida deixada pelo marido, proveu o sustento dela e dos filhos por muito tempo. Às vezes Deus quer dar bênçãos duradouras e a pessoa quer apenas as temporárias. Salvação é bênção duradoura. Cura de alguma enfermidade é temporária.

Portanto, precisamos agir com fé, pois a fé sem obras, sem atitudes, sem ação, é morta. A mulher pegou as vasilhas e começou a enchê-las a partir da botija de azeite que ela tinha em sua casa. Ela foi quem encheu as vasilhas e não o profeta. Este somente deu a orientação. Da mesma forma, Deus nos orienta, conforme as nossas forças e os nossos recursos, a agirmos e buscarmos a solução para os nossos problemas. Mas, nós é que devemos que correr atrás, que buscar, que agir.

III. O OBJETIVO DO MILAGRE


1. Uma resposta ao sofrimento. Conforme disse o pr. José Gonçalves, todos os milagres realizados por Eliseu deixam bem claro que eles ocorreram em resposta a uma necessidade humana e também ao sofrimento (2Rs 4:1-38;5:1-19; 6:1-7). O poder de Deus, manifestado através de Eliseu, aumentou o pequeno suprimento do azeite da viúva até uma quantidade que seria suficiente para saldar a dívida, e ainda sobrar para atender à sua família.

Jesus Cristo realizou inúmeros milagres. Ele libertava e curava porque se compadecia do sofrimento humano. Veja dois exemplos dos milagres de Jesus em resposta ao sofrimento do ser humano:

- Jesus se compadece de uma mulher enferma e a cura: “E ensinava no sábado, numa das sinagogas. E eis que estava ali uma mulher que tinha um espírito de enfermidade havia já dezoito anos; e andava curvada e não podia de modo algum endireitar-se. E, vendo-a Jesus, chamou-a a si, e disse-lhe: Mulher, estás livre da tua enfermidade. E impôs as mãos sobre ela, e logo se endireitou e glorificava a Deus. E, tomando a palavra o príncipe da sinagoga, indignado porque Jesus curava no sábado, disse à multidão: Seis dias há em que é mister trabalhar; nestes, pois, vinde para serdes curados e não no dia de sábado. Respondeu-lhe, porém, o Senhor e disse: Hipócrita, no sábado não desprende da manjedoura cada um de vós o seu boi ou jumento e não o leva a beber água? E não convinha soltar desta prisão, no dia de sábado, esta filha de Abraão, a qual há dezoito anos Satanás mantinha presa?” (Lc 13:10-16).

- Cura de um leproso: “E aproximou-se dele um leproso, que, rogando-lhe e pondo-se de joelhos diante dele, lhe dizia: Se queres, bem podes limpar-me. E Jesus, movido de grande compaixão, estendeu a mão, e tocou-o, e disse-lhe: Quero, sê limpo! E, tendo ele dito isso, logo a lepra desapareceu, e ficou limpo” (Mc 1:40-42).

2. Glorificar a Deus. Os milagres exarados nas Escrituras objetivam a glorificar a Deus. A maioria deles é uma resposta de Deus ao sofrimento do ser humano, todavia, não se concentra no ser humano, mas em Deus. Diferentemente do que acontece hoje em muitos segmentos cristãos, principalmente aqueles que se expõem na mídia, os profetas do Antigo Testamento bem como os discípulos de Cristo nunca buscaram chamar a atenção para si através dos milagres que realizavam, nem tiravam proveitos deles. No Novo Testamento, os milagres estão diretamente ligados com a obra salvífica de Cristo e tem a função de confirmar a palavra que é pregada pelos mensageiros do Senhor.

O milagre não tem por objetivo criar um espetáculo. Observe que os milagres não davam testemunho dos apóstolos e sim do Senhor Jesus e da sua mensagem. Somente os que buscam a própria gloria transformam os milagres em um show (é o que estamos vendo hoje em muitas igrejas). Para esses, Jesus tem um recado: “Muitos me dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos demônios? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas? E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade”(Mt 7:22,23).

3. Mostrar aos homens que a salvação é feita mediante a fé. O milagre é uma forma perceptível de demonstração de que a fé é o meio pelo qual alguém obtém os benefícios da parte de Deus, notadamente o do estabelecimento de uma comunhão com Ele por meio do perdão dos pecados. A ressurreição de Lázaro, é uma comprovação de que um dos intuitos dos milagres era despertar a fé salvadora no povo, pois as Escrituras registram que muitos creram que Jesus era o Messias ao verem Lázaro ressuscitado depois de quatro dias em que esteve sepultado (João 12:11,12).

4. Autenticar a mensagem de Cristo. Após sua ressurreição e subida aos Céus, seus discípulos deram prosseguimento à proclamação do Reino de Deus e, sem dúvida, os milagres tiveram uma participação ativa nessa proclamação. Marcos, ao fim do seu Evangelho, conta que quando os discípulos pregavam, o Senhor cooperava com eles realizando milagres e dando validade à pregação, pois o poder de Deus era demonstrado junto com as palavras – “E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém”(Mc 16:20).

5. O cuidado com a supervalorização dos milagres. Os milagres não devem nortear a vida do crente. Sinais e maravilhas são feitos pelo Senhor, que utiliza a instrumentalidade humana para esse fim, mas isso não significa que eles são o indicativo para a orientação de Deus às nossas vidas. Há pessoas que se colocam como reféns de milagres, como se estes fossem o marco regulatório para a vida cristã, e não tomam nenhuma postura ou atitude na vida se não virem milagres à sua volta. Tais pessoas precisam aprender a crer que os milagres são parte do Evangelho, mas que a Palavra de Deus é que deve nortear a vida do crente. Os sinais seguem aqueles que seguem a Palavra de Deus, e não os que crêem seguem os milagres.

CONCLUSÃO


No milagre que Eliseu realizou na casa da viúva, vemos que é necessário obedecer aos princípios de Deus exarados nas Escrituras Sagradas para alcançar a vitória sobre a escassez. De nada adianta deixar-se dominar pela emoção, chorar e demonstrar sua necessidade de forma aparente. É necessário que você obedeça aos princípios divinos contidos nas Escrituras Sagradas. É necessário as orientações do Senhor para que haja um milagre em sua casa, para que haja fartura e bênção na sua vida. Deus espera que sigamos suas orientações sempre. Não basta saber qual é a vontade de Deus para nossas vidas. É preciso obedecer ao Senhor quando a vontade dele é revelada. Em certos casos, mesmo tendo a providencia de Deus, é preciso sabedoria para tratar dos problemas. Aquela viúva viu o milagre em sua casa, mas parece que ainda não tivera idéia de como agir com toda aquela bênção. Ela retornou ao profeta Eliseu para lhe dar a nova, e ouviu o profeta: “Então, veio ela e o fez saber ao homem de Deus; e disse ele: Vai, vende o azeite e paga a tua dívida; e tu e teus filhos vivei do resto”(2Rs 4:7).

REFERENCIA BIBLIOGRAFICA

Lições Bíblicas do 1º Trimestre de 2013, Jovens e Adultos: Elias e Eliseu – Um ministério de poder para toda a Igreja; Comentarista: José Gonçalves; CPAD;

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